Educar não é uma tarefa simples - Osvaldo Lima

EDUCAR NÃO É UMA TAREFA SIMPLES.
DESEDUCAR É MAIS FÁCIL!
( por Osvaldo Lima)
AVISO: esse é um pequeno desabafo depois de um dia daqueles... não fiz qualquer correção ortográfica...saiu como chegou: no pulsar da emoção!
Educar não é uma tarefa simples, pois está diretamente relacionada com o processo de construção de nossa humanidade. Por sua vez, esse processo de construção está intimamente associado ao nosso desejo por felicidade. A escola é o lugar da felicidade. Não por nela encontrarmos a felicidade. É que nela os indivíduos descobrem possibilidades de vida. Estudamos os diversos feitos dos homens na história da humanidade. Estudamos os homens das artes, os homens das letras, historiadores, filósofos, sociólogos, matemáticos, físicos, químicos, biólogos... É muita gente; são muitos feitos realizados; é muita vida vivida na tentativa de construir nossa humanidade. Apreendemos e suspiramos com eles a desejar construir uma vida mais significativa, uma vida que faça sentido e que nos tornem felizes. Não há como negar: o homem almeja a felicidade. O problema é que nem sempre percebemos que a felicidade está presente na construção de nossa humanidade. Nossa visão é limitada ao nosso umbigo, ao aqui e agora. Ou, em alguns casos, a um futuro incerto. 

A escola é um ambiente propício para discutir nossa felicidade, pois é nela, depois do ambiente familiar e religioso, que encontramos um maior número de pessoas em busca da felicidade. O problema é que, em nome do progresso tecnológico e científico, as escolas estão formando cada vez mais especialistas em vestibulares, em concursos... Só esqueceram em formar seres humanos felizes. É só perceber que a felicidade não está inserida nos currículos escolares, nem nos conteúdos dos componentes curriculares, das disciplinas. Fala-se muito em “vida ética”, mas não tocamos no assunto da felicidade. Talvez seja por isso que alguns pais, em nome da “ética”, aprenderam a cumprir seu papel educativo baseados na “ética social” dos índices, dos dados estatísticos: aprovação nos vestibulares, IDEB, concurso, etc. Afinal, se seus filhos não conseguirem uma boa colocação no mercado de trabalho, poderão virar dado estatístico na lista dos desempregados, flagelados, excluídos pela “ética social”.

Sendo assim, DESEDUCAR É MAIS FÁCIL! Parece que a cada dia nossa existência se reduz ao fazer para ter. Determinada pelo que a sociedade, mesmo sem consciência do que quer, impõe como modelo de felicidade. O que é ser feliz? A resposta é simples e aparece em primeiro lugar nas pesquisas: “ser feliz é ter um automóvel, uma casa ou um apartamento, um bom salário, viajar bastante”. Infelizmente, é a partir dessas respostas que começam a surgir os pré-conceitos sociais e as síndromes de inferioridade. De um lado ficam aqueles que não podem usufruir desses bens e, por outro lado, os que tudo podem no dinheiro que os sustentam. Abandonamos nossa natureza, nossos valores, nossa dignidade. Preferimos, por muitas vezes, reprisar a vida das pessoas que fazem “sucesso” por ter. Essa idolatria diluiu o significado do existir. 




A escola é o lugar onde desenvolvemos nossas capacidades intelectuais e nossas habilidades manuais na tentativa de ajudar-nos a construir nossa humanidade. Por isso, a escola é lugar de aprender. Porém, em alguns casos, parece que se esqueceram dessa missão. Reduziram a escola ao conteudismo das verdades que caem nas provas e vestibulares da vida. Fico aqui a pensar: o que seria de nós se engolissemos como “verdades” somente o que os cientistas afirmaram? “Verdades” científicas do passado deixaram de ser “verdades” hoje. Mas o que seria de nós se apenas seguíssemos essas “verdades”? A existência do mundo seria relativa ao que cada teoria afirma?!?


Escola é o local do desenvolvimento cognitivo, mas, também deveria ser o ambiente do desenvolvimento da autonomia, de trabalhar nossas capacidades de se autogovernar. Precisamos desenvolver nossa autonomia. Escola é lugar de aprender, mas aprender a ser autônomo. Reconhecer sua autonomia é o primeiro passo para reconhecer e valorizar a nossa existência e a existência do outro. É ela a responsável pela força para buscar possíveis e novas alternativas de vida. É pela autonomia que aprendemos a ser. Precisamos dar tempo para o desenvolvimento da autonomia. Internet, televisão, música são novidades da tecnologia que tem um papel fantástico na tentativa de facilitar nossas vidas. Mas sem autonomia, ficamos reféns deles.


Brincar é uma forma de desenvolver nossa autonomia. Descobrimos através das brincadeiras regras, limites, respeito à presença do outro. Existe toda uma lógica da aprendizagem escondida por detrás de uma brincadeira. Brincar é necessário. Ouvir história é brincar. Brincar também é um processo de aprendizagem. Para aprender a se humanizar, a sonhar é necessário brincar. Brincar é ensaiar e discernir a vida. Infelizmente, retiraram da escola esse momento. Coibiram as práticas de brincadeiras que ajudavam os indivíduos a crescerem como pessoa. Tanto que encontramos alunos nos últimos anos de estudo sem decidirem ainda o seu futuro. Não permitiram que eles sonhassem ou se imaginassem como médicos, policiais, professores, bombeiros... No passado era comum sonhar e projetar o nosso futuro. Hoje, mataram nossos sonhos, impuseram o sonho de ganhar dinheiro. Dinheiro e felicidade são conquistados com autonomia, mas precisam ser orientados pelo desejo de felicidade. Pelo santa ansiedade de ser feliz. 
Pois é! 
EDUCAR não é uma tarefa simples, DESEDUCAR é mais fácil!

Comentários

Orlando Santana disse…
Bacana o texto. Não querendo ser o influenciado, mas tem que existir um contra-peso na felicidade e em conseguir viver.

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